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  • Foto do escritorVital Psilo

A experiência psicodélica é um aspecto essencial do efeito terapêutico?



Cada vez mais evidências estão sugerindo que alguns tratamentos psicodélicos podem oferecer benefícios para pessoas que enfrentam transtornos de saúde mental e para aliviar o sofrimento no final da vida de pacientes em cuidados paliativos. Uma visão predominante é que a "experiência psicodélica" ou "viagem" desempenha um papel crucial em um tratamento psicodélico. Acredita-se que essa experiência seja um elemento fundamental para facilitar a psicoterapia.


No entanto, um editorial do periódico "Expert Opinion on Drug Safety" levanta uma questão intrigante: a experiência psicodélica é realmente necessária para a eficácia dos psicodélicos? O autor do editorial, Roger McIntyre, Professor de Psiquiatria e Farmacologia da Universidade de Toronto, propõe uma hipótese alternativa. Ele sugere que a experiência psicodélica pode não ser essencial, mas sim um fenômeno separado dos efeitos terapêuticos, ou até mesmo um possível efeito adverso do tratamento. Contudo, há outra linha de pesquisa que considera que as experiências psicodélicas fornecem acesso a fenômenos emocionais e psicológicos, que podem ser trabalhados e reconsolidados por meio da psicoterapia.


O foco na experiência psicodélica também levou à exclusão de participantes em estudos psicodélicos, como pessoas com histórico familiar de transtorno bipolar ou esquizofrenia, devido ao receio de que esses grupos possam estar em maior risco de eventos adversos graves. Embora haja justificativa para essa exclusão, é importante considerar que se a experiência psicodélica não for necessária, isso poderia estar privando esses pacientes de possíveis benefícios.


A resposta à pergunta sobre a necessidade da experiência psicodélica pode ser abordada ao examinar os mecanismos neurobiológicos subjacentes aos psicodélicos. O Professor McIntyre cita evidências de que tanto a psilocina quanto o LSD possuem efeitos antidepressivos e promovem a neuroplasticidade, independentemente do agonismo no receptor de serotonina 5-HT2A, associado às experiências psicodélicas. Ele menciona que o LSD e a psilocina se ligam a locais semelhantes aos do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), como o receptor da tropomiosina quinase B (TrkB), favorecendo a neuroplasticidade. Porém, outros pesquisadores também relataram uma função crítica do agonismo 5-HT2A na mediação de todos esses efeitos.


Em resumo, o Professor McIntyre destaca a importância de manter uma mente aberta em relação à eficácia das experiências psicodélicas como uma hipótese a ser testada. Ele enfatiza que o rigor científico, em vez de posições ideológicas, deve guiar o desenvolvimento da classe de agentes psicodélicos, dada a grande relevância para o futuro desse campo.


Referência

McIntyre RS. Is the Psychedelic Experience an Essential Aspect of the Therapeutic Effect of Serotonergic Psychedelics? Conceptual, Discovery, Development and Implementation Implications for Psilocybin and Related Agents. Expert Opin Drug Saf. 2023 Aug 27. doi: 10.1080/14740338.2023.2253144. Epub ahead of print. PMID: 37635320.

Disponível na íntegra em:

https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/14740338.2023.2253144


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