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A música e os psicodélicos: neurociência e implicações terapêuticas

Desde o início das pesquisas envolvendo os psicodélicos, a escuta musical tem sido utilizada como método para orientar as experiências terapêuticas durante os efeitos agudos de substâncias como o LSD e a psilocibina.
A tradição da prática medicinal/espiritual com os psicodélicos está enraizada nas origens da humanidade. Os ícaros, por exemplo, são canções das cerimônias de ayahuasca que facilitam a cura física e espiritual. A música também é um componente central dos cultos aos cogumelos sagrados dos índios Mazatecas, dos ritos de peiote dos nativos americanos e dos rituais de ibogaína de Bwiti, na África. Na Europa Antiga, especula-se que a música também era crucial nos Mistérios de Elêusis, onde uma bebida psicodélica era consumida.
Ouvir música envolve uma ampla gama de áreas cerebrais de domínio geral, incluindo as que são associadas à emoção, processamento de memória e recompensa. As regiões do cérebro recrutadas durante a audição musical se sobrepõem parcialmente àquelas em que a atividade e a conectividade são alteradas pelos psicodélicos. Esses compostos têm efeitos notáveis na percepção auditiva e sugerem que a música desempenha um papel importante na emocionalidade e no sentido da experiência, favorecendo resultados clínicos positivos. Há estudos que também demonstram que indivíduos que escutam música sob o efeito da psilocibina, relatam uma experiência sonora emocionante e intensa.
Os psicodélicos induzem alterações no processamento neuronal e alguns dados sugerem que ocorre uma redução da intensidade de estímulos auditivos sob ação da psilocibina e sensibilidade auditiva alterada com o LSD.
E vocês? O que gostam de ouvir?
Referência: Barrett FS, Preller KH, Kaelen M. Psychedelics and music: neuroscience and therapeutic implications. Int Rev Psychiatry. 2018 Aug;30(4):350-362.