Estudo in vitro conclui que os psicodélicos não afetam a resposta imunológica

Os psicodélicos tem apresentado resultados promissores no tratamento de transtornos neuropsiquiátricos e demonstram um perfil de segurança favorável. Contudo, esses compostos podem induzir a liberação de cortisol e gerar efeitos anti-inflamatórios. Também existe um temor de que os psicodélicos poderiam afetar a atividade dos linfócitos T (células de defesa), o que aumentaria o risco de infecções, por exemplo.
Como essas substâncias tem sido utilizadas no ambiente de pesquisa em pacientes com câncer em estágio terminal, a imunossupressão é indesejável, já que isso poderia debilitar ainda mais esses indivíduos. No entanto, a segurança da terapia psicodélica tem sido reportada em vários estudos e alterações na função imunológica não foram observadas nesse grupo de pacientes.
Para reforçar a segurança dos tratamentos, pesquisadores suíços realizaram um estudo in vitro que utilizou culturas de células humanas. Doses diferentes de DMT, LSD, mescalina e psilocina foram usadas para representar as concentrações plasmáticas observadas em seres humanos nos ensaios clínicos. Os cientistas investigaram os efeitos desses psicodélicos na proliferação e liberação de citocinas dos linfócitos T, e na indução de NF-κB dos monócitos. Os linfócitos T estão envolvidos na resposta imune contra vários tipos de microorganismos, e o NF-κB é um complexo proteico que controla a expressão de genes ligados à resposta inflamatória.
As análises mostraram que os psicodélicos não possuem nenhum efeito imunomodulador ou imunossupressor relevante. Os autores concluíram que não houve estímulos sobre a proliferação e secreção de citocinas dos linfócitos T ou indução de NF-κB dos monócitos, e que essas descobertas são importantes para assegurar o futuro da psicoterapia assistida por psicodélicos nos pacientes com doenças potencialmente fatais.
Referência
Rudin D, Areesanan A, Liechti ME, Gründemann C. Classic psychedelics do not affect T cell and monocyte immune responses. Front Psychiatry. 2023 Jan 20;14:1042440. doi: 10.3389/fpsyt.2023.1042440.
Disponível na íntegra em:
https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyt.2023.1042440/full