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  • Foto do escritorVital Psilo

Estudo liga o uso de LSD e psilocibina a maiores chances de abuso/dependência de outras substâncias



Os psicodélicos vêm apresentando resultados promissores no tratamento da dependência química, embora ainda sejam necessários estudos clínicos maiores e de vida real para se obter melhores conclusões. Por esse motivo, a Universidade de Tel Aviv testou uma hipótese sobre os psicodélicos estarem associados ao aumento ou redução da prevalência do transtorno por uso de substâncias (TUS) na população em geral. Os cientistas realizaram um estudo observacional que usou dados de 2017 do National Survey on Drug Use and Health (NSDUH) – uma pesquisa de um órgão estatal que providencia informações sobre drogas e problemas de saúde nos EUA. É importante lembrar que os estudos retrospectivos observacionais possuem muitas limitações e não podem estabelecer a causalidade ou temporalidade de um determinado evento, apenas identificar possíveis associações.


A técnica estatística conhecida como "regressão logística multivariada" foi aplicada nos registros do NSDUH para avaliar a probabilidade da associação entre o uso prévio de psicodélicos clássicos (LSD, psilocibina, mescalina) e o abuso de substâncias ou dependência química no ano anterior à pesquisa. Para evitar os fatores que podem confundir a interpretação dos resultados, a probabilidade foi ajustada às variáveis de controle da população incluída, como as características sociodemográficas, transtornos de saúde mental, uso concomitante de drogas recreativas, entre outras.


Ao todo, a análise incluiu os registros de 56.276 indivíduos e revelou que o uso prévio de LSD e psilocibina foi associado a maiores chances de abuso ou dependência de outras substâncias, em comparação com aqueles que nunca haviam usado psicodélicos anteriormente. Conforme esperado pelos cientistas, houve chances significativamente maiores de desenvolver o TUS entre os indivíduos que fizeram uso concomitante de drogas recreativas. A análise geral que não foi ajustada a nenhuma variável de controle também indicou que uma parte dos usuários de psicodélicos foi significativamente mais propensa a ter dependência ou abusar de outras substâncias.


Em contrapartida, o uso prévio de mescalina foi ligado à diminuição da probabilidade do TUS em comparação com as pessoas que nunca usaram psicodélicos. Isso sugere que o uso de mescalina pode ter um efeito protetor contra o abuso ou dependência de drogas recreativas. Ainda não está claro se isso se deve a diferenças entre os psicodélicos ou somente ao contexto cerimonial em que a mescalina é tradicionalmente consumida.


Existem divergências farmacológicas e químicas entre esses compostos e uma diferença notável é que a mescalina é uma fenilalquilamina, enquanto o LSD e a psilocibina são indolaminas. Também é possível que as diferenças no set e setting (veja o post no blog) possam explicar os desfechos deste estudo, pois se acredita serem mediadores de eficácia clínica. O LSD e a psilocibina são atualmente consumidos cada vez mais em ambientes recreativos, onde não há o mesmo cuidado e preparo das cerimônias religiosas onde a mescalina é administrada, por exemplo. Essas possibilidades devem ser investigadas em pesquisas futuras, pois o uso dos diferentes psicodélicos podem estar relacionados a efeitos distintos no TUS.

Referência

Rabinowitz J, Lev-Ran S, Gross R. The association between naturalistic use of psychedelics and co-occurring substance use disorders. Front Psychiatry. 2023 Jan 10;13:1066369. doi: 10.3389/fpsyt.2022.1066369.

Disponível na íntegra em:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9871568/

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