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  • Foto do escritorVital Psilo

O programa secreto da CIA e os psicodélicos

Atualizado: 13 de dez. de 2022


Alguns documentos ocultos da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA) tornaram-se públicos nos últimos anos. Entre os registros, há informações sobre o programa MK-Ultra, que foi operado em São Francisco nas décadas de 1950 e 1960, e consistiu no uso de psicodélicos para obter o controle da mente.


A existência do MK-Ultra foi acentuada na Guerra Fria pelo crescimento das guerrilhas urbanas no Ocidente, já que os governos ocidentais viam os psicodélicos como tecnologias não letais para imobilizar inimigos do Estado. Isso criou uma demanda por estudos clínicos que foram realizados pela indústria farmacêutica (Sandoz), além de universidades, militares e a própria CIA. O Exército dos EUA, por exemplo, acreditava que os psicodélicos poderiam ser armas psicoquímicas e temia que a União Soviética realizasse testes para essa finalidade. Com isso, vários militares estadunidenses foram cobaias de ensaios que envolveram o LSD e a psilocibina.


Embora as Forças Armadas tenham concluído que os psicodélicos eram incontroláveis e imprevisíveis em qualquer uso tático, a CIA aproveitou esses dados em sua agenda pela busca do “soro da verdade”. Os agentes secretos adicionavam psicodélicos nos coquetéis de clientes desavisados ​​dos bordéis de São Francisco para verificar sua aplicabilidade em interrogatórios. No entanto, existem inconsistências nos documentos divulgados devido à destruição de registros. As implicações éticas dessas operações ainda são abordadas, pois envolvem questões como direitos humanos e liberdades individuais.


Entre 1968 e 1970, as pesquisas psicodélicas foram banidas e se iniciou uma perseguição política que foi baseada em desinformação, manipulação da opinião pública e paranoia. As evidências clínicas conquistadas arduamente foram mal interpretadas, e muitos cientistas culpam a CIA pelo impacto negativo sobre a comunidade científica da época, que foi evasiva.


É importante ressaltar que nesse tempo já existiam estudos promissores sobre o potencial dessas substâncias, mas no início dos anos 70, a ciência seguiu em direção à uma nova classe de antidepressivos: os inibidores seletivos da recaptação de serotonina. Em 1987, o laboratório estadunidense Eli Lilly foi beneficiado com a regulamentação do Prozac (fluoxetina), que é um dos medicamentos mais prescritos até hoje.


Porém, devido aos casos de depressão resistente e a necessidade de tratar efetivamente a dependência química e outros transtornos neuropsiquiátricos, os estudos psicodélicos só foram retomados em peso na última década e provavelmente, irão revolucionar a neurociência do século XXI.


Referências:

David E. Smith M.D. F.A.S.A.M. F.A.A.C.T., Glenn E. Raswyck E.M.T. & Leigh Dickerson Davidson A.B. (2014) From Hofmann to the Haight Ashbury, and into the Future: The Past and Potential of Lysergic Acid Diethlyamide, Journal of Psychoactive Drugs, 46:1, 3-10, DOI: 10.1080/02791072.2014.873684


Richert L. Psychedelic Pasts-and Presents Ido Hartogsohn. American Trip: Set, Setting, and the Psychedelic Experience in the Twentieth Century. Cambridge: MIT Press, 2020. 432 pp. $35.00 


Stephen Kinzer. Poisoner in Chief: Sidney Gottlieb and the CIA Search for Mind Control. New York: Henry Holt, 2019. 354 pp. $30.00. J Hist Med Allied Sci. 2021 Oct 20;76(4):462-468. doi: 10.1093/jhmas/jrab015. PMID: 34010388.


Wong DT, Perry KW, Bymaster FP. Case history: the discovery of fluoxetine hydrochloride (Prozac). Nat Rev Drug Discov. 2005 Sep;4(9):764-74. doi: 10.1038/nrd1821. PMID: 16121130.




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