O uso de psicodélicos não tem relação com o diagnóstico de câncer, segundo estudo

As preocupações sobre o potencial carcinogênico dos psicodélicos surgiram em 1967 por causa de um estudo que reportou danos cromossômicos em leucócitos humanos (nossas células de defesa) após uma exposição in vitro ao LSD. O receio aumentou ainda mais com os relatos subsequentes de leucemia e outros cânceres em usuários de LSD. Na década seguinte, foram publicadas investigações sobre o possível efeito dos psicodélicos nos cromossomos e a maioria dos estudos sugeriu que essas preocupações eram infundadas.

No entanto, como a possível relação entre os psicodélicos e câncer foi explorada minimamente,

cientistas analisaram os dados de adultos estadunidenses que foram registrados entre 2015-2019 no National Survey on Drug Use and Health – uma pesquisa de um órgão estatal que providencia informações sobre o uso de drogas e problemas de saúde nos EUA. Foi investigado se existe uma associação entre o uso de psicodélicos e o diagnóstico ao longo da vida de qualquer tipo de câncer.

Os resultados da análise revelaram que não há associações entre o uso de psicodélicos ao longo da vida e o diagnóstico de qualquer tipo de câncer. As sub-análises que investigaram o uso de outras substâncias psicodélicas como as amidas do ácido lisérgico, feniletilamina e triptaminas, também não encontraram nenhuma associação.

As pesquisas de laboratório e os relatos de casos das décadas de 1960 e 1970 podem ter gerado preocupações, mas esta análise de dados epidemiológicos recentes não confirma que existe uma relação entre o uso de psicodélicos e o desenvolvimento de câncer. Os autores deste estudo apontam que há limitações importantes a serem consideradas nesta análise, como a falta de informações sobre as doses das substâncias utilizadas, o número de exposições psicodélicas ao longo da vida e a relação temporal entre o uso de psicodélicos e o

diagnóstico de câncer.

Referência

Barnett BS, Ziegler K, Doblin R, Carlo AD. Is psychedelic use associated with cancer?: Interrogating a half-century-old claim using contemporary population-level data. J Psychopharmacol. 2022 Aug 16:2698811221117536. doi: 10.1177/02698811221117536.