Vital Psilo
O uso de psicodélicos nas culturas pré-colombianas
Atualizado: 22 de dez. de 2022

Imagem 1: Piedra hongo. Museu Rietberg de Zurich.
Os psicodélicos faziam parte do cotidiano das sociedades pré-colombianas. Cogumelos, cactos e plantas eram usados para alterar a consciência em rituais de cura, e seu uso estava ligado à cultura, política e religião dos povos indígenas. Há diversos registros históricos que apontam a importância dos psicodélicos para essas culturas, como as chamadas "Piedras Hongo" de El Salvador, que representam o culto aos cogumelos sagrados. Embora estes artefatos sejam datados entre os anos 300 a.C.- 200 d.C., estas cerimônias têm uma antiguidade estimada em pelo menos 3500 anos, e foram amplamente difundidas no Vale do México e por toda a América Central. Os maias por exemplo, utilizavam Kǐaizalaj Okox (Psilocybe cubensis) e os astecas os chamavam de Teonanacatl. Eles também foram consumidos pelos Huasteca, Totonac, Mazatec e Mixtec.

Imagem 2: Mural de Tepantitla. Sacerdotes portando cogumelos sagrados ao redor do deus asteca Tlaloc.
Outras evidências arqueológicas encontradas na América Central, indicam o uso do Cacto Peiote (mescalina) há mais de 5000 anos. Olmecas, zapotecas, maias e astecas também usavam as sementes de Ololiuhqui (Turbina corymbosa) e a pele de sapos do gênero Bufo, que contém a amida do ácido lisérgico e bufotoxinas. Figueira-do-diabo (Datura stramonium), tabaco silvestre (Nicotiana rustica), Aguapé-de-flor-branca (Nymphaea ampla) e Salvia divinorum também foram utilizados por seus efeitos psicoativos.

Imagem 3: Codex Vindobonensis. Retirado da biblioteca digital Real Academia de la Historia.
Segundo as culturas indígenas atuais, os psicodélicos se caracterizam como um instrumento que permite a manutenção do complexo xamânico e a indução de estados alterados de consciência nas cerimônias de cura.

Imagem 4: Codex Magliabecchianus. Retirado da biblioteca digital J. Willard Marriott, University of Utah.

Imagem 5: Codex Tro-Cortesianus. Retirado da Red Digital de Colecciones de Museos de España.
Apesar de diversos estudos clínicos apontarem benefícios desses compostos para a saúde mental, o uso recreativo é um fato recente nas sociedades pós-modernas euro-americanas e muitos usuários desconsideram o propósito da medicina sagrada, ressaltado na história das civilizações pré-colombianas.
Referência
Carod-Artal FJ. Alucinógenos en las culturas precolombinas mesoamericanas. Neurología. 2011