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Os psicodélicos podem alterar os biomarcadores inflamatórios em pacientes com depressão?
Atualizado: 2 de jan.

Os psicodélicos clássicos têm demonstrado resultados promissores como antidepressivos de ação rápida. A depressão parece estar relacionada aos níveis anormais de biomarcadores inflamatórios periféricos/neurotróficos e há estudos que indicam o envolvimento da neuroinflamação e neurodegeneração. Isto provoca uma alteração na secreção de citocinas pró-inflamatórias, como a interleucina-1 (IL-1), interleucina-6 (IL-6) e interleucina-1β (IL-1β). Também ocorrem anormalidades na produção do fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e de fatores neuroprotetores/neuroplásticos do sistema nervoso central, como o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), fator de crescimento de fibroblastos-2 (FGF-2) e fator de crescimento nervoso (NGF). Acredita-se que todas estas alterações contribuem para o surgimento e a manutenção dos sintomas depressivos e que futuramente será possível auxiliar no diagnóstico da depressão.
Devido ao contexto teórico, os pesquisadores da Universidade de São Paulo publicaram uma revisão sistemática de ensaios clínicos sobre o tema. Foram avaliadas as evidências atuais dos efeitos antidepressivos de substâncias psicodélicas clássicas nas alterações dos biomarcadores inflamatórios e neurotróficos em participantes com depressão unipolar resistente. Doze estudos (n=587) foram incluídos, sendo 2 sobre a ayahuasca oral (1 mL/kg) e 10 que investigaram a administração de cetamina (principalmente 0,5 mg/kg intravenosa).
Os resultados de todos os biomarcadores avaliados foram contraditórios e inconclusivos. Não foram encontrados estudos sobre a psilocibina. Os autores concluíram que são necessários ensaios clínicos com amostras maiores e com um poder estatístico maior para esclarecer se os biomarcadores periféricos podem ser utilizados com confiança para mensurar o efeito antidepressivo dos psicodélicos clássicos.
Referência
Rossi GN, Hallak JEC, Baker G, Dursun SM, Dos Santos RG. The effects of ketamine and classic hallucinogens on neurotrophic and inflammatory markers in unipolar treatment-resistant depression: a systematic review of clinical trials. Eur Arch Psychiatry Clin Neurosci. 2022 Jul 13. doi: 10.1007/s00406-022-01460-2.