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Psilocibina: métodos de produção e considerações

Atualizado: 31 de mai.


O ressurgimento do interesse terapêutico na psilocibina destacou a necessidade de um método de produção eficaz, que atenda aos padrões farmacêuticos atuais. Os métodos sintéticos parecem ser mais adequados para o mercado comercial, mas existem algumas limitações.


No momento, é possível sintetizar apenas o pró-fármaco psilocibina, porque a psilocina (metabólito ativo) é descrita como instável em solução. A síntese química da psilocibina é favorável por sua capacidade de criar um produto consistente e puro no menor tempo possível. Porém, esse método utiliza o 4-hidroxindol (um precursor caro) e requer uma etapa à base de paládio (um metal de alto custo). No entanto, outros pró-fármacos são mais fáceis de sintetizar, como a psilacetina, que é o análogo acetilado da psilocibina e pode ser hidrolisado para psilocina ativa.


Os pesquisadores também sugerem métodos de produção como o uso da enzima PsiK quinase (que substitui a etapa de fosforilação sintética) e a adição de genes em células que irão codificar as enzimas biossintéticas do Psilocybe cubensis. Outro método que também poderá ser utilizado é a incorporação de genes de P. cubensis em um microrganismo que irá produzir a psilocibina. Este é o mesmo método que é usado atualmente na síntese da insulina.


Quanto ao cultivo tradicional, sabe-se pouco sobre o potencial sinérgico dos compostos encontrados no P. cubensis. Alguns estudos apontam a presença de β-carbolinas (harmana, harmina e norharmana) em cogumelos que produzem psilocibina, e a ação terapêutica combinada dessas substâncias com a psilocibina (conhecido como efeito entourage) poderia ser um fator relevante para o uso clínico, tornando-se uma forte justificativa para o cultivo direto. Ainda não está claro se as concentrações dessas β-carbolinas, normalmente encontradas em cogumelos Psilocybe, têm efeitos farmacológicos relevantes. No entanto, acredita-se que as β-carbolinas atuam como inibidores da monoaminaoxidase e também se ligam aos receptores serotoninérgicos e dopaminérgicos.


Em 2020, duas empresas sediadas no Canadá iniciaram o desenvolvimento de um medicamento natural à base de psilocibina. A abordagem de produção das empresas, se concentra no desenvolvimento de uma variedade clonal única de um cogumelo produtor de psilocibina. Esse conceito tem o potencial de criar variedades de cogumelos com características desejadas, como o aumento do teor de psilocibina, a uniformidade do lote ou a redução do tempo de colheita.


É importante que a colaboração entre cientistas, profissionais de saúde, pacientes e produtores possam orientar as estratégias futuras no desenvolvimento e na produção de psilocibina acessível e de alta qualidade.


Referências

Blei F, Dörner S, Fricke J, Baldeweg F, Trottmann F, Komor A, Meyer F, Hertweck C, Hoffmeister D. Simultaneous Production of Psilocybin and a Cocktail of β-Carboline Monoamine Oxidase Inhibitors in "Magic" Mushrooms. Chemistry. 2020 Jan 13;26(3):729-734. doi: 10.1002/chem.201904363. Epub 2019 Dec 13. PMID: 31729089; PMCID: PMC7003923.


Plotnik L, Gibbs G, Graham T. Psilocybin Conspectus: Status, Production Methods, and Considerations. Int J Med Mushrooms. 2022;24(1):1-11. doi: 10.1615/IntJMedMushrooms.2021041921. PMID: 35442591.


Serreau R, Amirouche A, Benyamina A, Berteina-Raboin S. A Review of Synthetic Access to Therapeutic Compounds Extracted from Psilocybe. Pharmaceuticals (Basel). 2022 Dec 28;16(1):40. doi: 10.3390/ph16010040.


Disponível na íntegra em:

https://www.mdpi.com/1424-8247/16/1/40


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