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Psilocina e a amígdala central: descobertas sobre efeitos específicos em roedores machos e fêmeas

A amígdala central (ACe) é uma área de saída primária dentro da amígdala estendida, que coordena respostas comportamentais e outras funções. A desregulação desta região pode levar à ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático. Sabe-se que a psilocina (forma bioativa da psilocibina) altera o funcionamento de diversas regiões cerebrais, cujas alterações permanecem pouco esclarecidas.
Um estudo publicado no periódico Nature Translational Psychiatry utilizou um modelo animal para analisar a ACe em roedores machos e fêmeas que receberam psilocina injetável. Após a administração, os cientistas avaliaram a expressão do c-Fos, um proto-oncogene relacionado principalmente à neuroplasticidade e em seguida, mediram a reatividade da ACe por meio de uma explosão de ar (air-puff) direcionada à face dos roedores. O air-puff é um estímulo aversivo aplicado em modelos animais para evocar uma resposta da ACe, que está envolvida também na modulação da dor.
As análises mostraram que a psilocina provocou uma elevação na expressão do c-Fos e aumentou agudamente a atividade da ACe em machos e fêmeas. Por outro lado, a reação ao estímulo ameaçador do air-puff só ocorreu nas fêmeas, já que a psilocina produziu reduções tempo-dependentes na reatividade da ACe nos machos, durando até 28 dias. Além disso, foram observadas respostas comportamentais e outros efeitos específicos na reatividade da ACe ao estímulo auditivo do air-puff, todos dependentes do sexo dos animais.
Essas descobertas fornecem informações importantes sobre as alterações causadas pela psilocina na ACe, e podem elucidar ainda mais os mecanismos terapêuticos dos psicodélicos em humanos.
Referência
Effinger DP, Quadir SG, Ramage MC, Cone MG, Herman MA. Sex-specific effects of psychedelic drug exposure on central amygdala reactivity and behavioral responding. Transl Psychiatry. 2023 Apr 8;13(1):119. doi: 10.1038/s41398-023-02414-5. PMID: 37031219; PMCID: PMC10082812.
Disponível na íntegra em:
https://www.nature.com/articles/s41398-023-02414-5