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Um resumo da trajetória de vida de María Sabina
Atualizado: 17 de jan.

María Sabina foi uma curandeira e xamã do povo indígena Mazateca, que apresentou os cogumelos sagrados ao mundo ocidental. Nasceu no ano de 1894 em Oaxaca (México), e passou por dificuldades desde jovem, pois viveu em condições de extrema pobreza durante sua infância e ainda teve que lidar com a morte prematura de seu pai.
Em uma noite, quando tinha seis anos de idade, Sabina encontrou cogumelos contendo psilocibina e decidiu comê-los para matar a fome. Foi então que ela se convenceu que os fungos lhe davam sabedoria. Com o tempo, o uso do “teonanacatl” ou “los niños santos” (cogumelos sagrados) se tornou sua área especial de conhecimento e os Mazatecas passaram a chamá-la de "sábia dos fungos".
Em 1938, os antropologistas observaram pela primeira vez os cultos ritualísticos dos Mazatecas e confirmaram a tese de que o “teonanacatl” referido pelos Astecas, era o cogumelo Psilocybe cubensis. Em 1955, Robert Gordon Wasson (banqueiro e micologista) e Allan Richardson (fotógrafo) foram os primeiros estrangeiros que ingeriram cogumelos numa cerimônia nativa, em que María Sabina compartilhou seus conhecimentos.
Em 1958, Wasson (que já era próximo de Sabina) trouxe sua esposa e filha para a aldeia Mazateca. Em uma tarde chuvosa histórica, as duas mulheres se tornaram as primeiras caucasianas a comer os cogumelos sagrados. Wasson relata em seu livro “The Wondrous Mushroom”, que uma característica dos ritos ancestrais de María Sabina, é que se crê que o cogumelo fala pela voz do sábio, que é o canal para a sabedoria divina.
O ritual é realizado em resposta a um pedido de alguém que deseja consultar os cogumelos sobre uma doença ou um problema grave. O cogumelo aconselha quais ervas encontrar e como usá-las, quais santos invocar, qual peregrinação se deve fazer ou onde um objeto perdido ou roubado pode ser localizado.
Nos anos seguintes, muitos curiosos e estrangeiros viajaram ao México para visitar María Sabina, não apenas para curar alguma doença, mas para explorar o caminho espiritual. Também há boatos de que muitas celebridades visitaram Sabina, como Bob Dylan, John Lennon, Mick Jagger e Keith Richards.
Isso chamou a atenção das autoridades nos anos 1960, onde os psicodélicos se tornaram “drogas narcóticas e perigosas para o consumo''. Com isso, infelizmente Sabina foi perseguida e desmoralizada.
Faleceu em 1985 devido a embolia pulmonar. María Sabina foi uma Mazateca humilde e sábia, que passou por muitos desafios em sua vida e deixou um grande legado para a humanidade. É uma das mexicanas mais celebradas de todos os tempos.
Referências
Feinberg, Benjamin (2010). The Devil's Book of Culture: History, Mushrooms, and Caves in Southern Mexico. [S.l.]: University of Texas Press.
Letcher, Andy (2006). Shroom: A Cultural History of the Magic Mushroom. England: Faber and Faber Ltd. ISBN 0-571-22770-8
Krippner S. Correction and clarification of an error in an article that I wrote (with Michael Winkelman) called "Maria Sabina, wise lady of the mushrooms". J Psychoactive Drugs. 2010 Dec;42(4):515. doi: 10.1080/02791072.2010.10400715.
Krippner S, Winkelman M. Maria Sabina: wise lady of the mushrooms. J Psychoactive Drugs. 1983 Jul-Sep;15(3):225-8. doi: 10.1080/02791072.1983.10471953. Erratum in: J Psychoactive Drugs. 2010 Dec;42(4):515.