Terapia psicodélica para idosos: o que se sabe até o momento?
Atualizado: 22 de dez. de 2022
Os psicodélicos são promissores no tratamento de uma variedade de problemas de saúde que são prevalentes também nos idosos, como os transtornos de humor, transtorno de estresse pós-traumático, transtornos por uso de substâncias, demência e sofrimento relacionado a uma doença grave. Há uma tendência de descriminalização dos cogumelos contendo psilocibina e outros psicodélicos nos EUA, e o estado do Óregon pode legalizar as “terapias de psilocibina” a partir de 2023, algo que também deve despertar o interesse das faixas etárias mais avançadas. Embora as pesquisas publicadas sobre os psicodélicos tenham sugerido que eles são seguros quando administrados em ambientes controlados, poucos idosos com dois ou mais problemas de saúde crônicos (multimorbidade) foram incluídos nestes ensaios clínicos, o que torna o uso destas substâncias algo incerto para este grupo de pacientes.
Tanto a psilocibina quanto o MDMA podem aumentar a pressão arterial e a frequência cardíaca, o que é preocupante para os idosos com doenças cardiovasculares. Em uma revisão de 11 ensaios clínicos sobre a psilocibina (que incluiu adultos saudáveis e pacientes), os efeitos colaterais mais comuns foram hipertensão, taquicardia, náusea e dor de cabeça. A maioria dos participantes tinha uma idade menor que 65 anos e apenas alguns mais que 70 anos. Isto levanta a questão de quão generalizáveis são os resultados destes estudos para os idosos que a psicogeriatria tratará eventualmente.
Mais pesquisas são necessárias para estabelecer a segurança e a eficácia dos psicodélicos nos idosos, particularmente aqueles com multimorbidade. Uma investigação dos efeitos neurofisiológicos dos psicodélicos nos idosos também deve fornecer dados sobre o envelhecimento do cérebro, algo que poderá ter aplicações clínicas no futuro.
Referência
Johnston CB, Mangini M, Grob C, Anderson B. The Safety and Efficacy of Psychedelic-Assisted Therapies for Older Adults: Knowns and Unknowns. Am J Geriatr Psychiatry. 2022 Sep 6:S1064-7481(22)00501-2. doi: 10.1016/j.jagp.2022.08.007.
Fotografia: María Sabina, a sábia dos fungos.