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Todos os cogumelos psicoativos são iguais?

Os cogumelos psicoativos são diversificados e compreendem mais de 200 espécies, que estão distribuídas desde o sul do Chile até o hemisfério norte, bem como da costa oeste da América à Europa, Ásia e Oceania (Figura 1). É importante ressaltar que o Psilocybe é o gênero mais significativo, e representa cerca de 50% dos cogumelos psicoativos das regiões subtropicais e úmidas. O maior número de cogumelos Psilocybe é encontrado na América do Sul e no México (59 espécies), seguido pela América do Norte (18 espécies) e regiões do Caribe e Oceania.

Além disso, estes cogumelos são divididos em quatro grupos conforme seus compostos químicos (Tabela 1). O primeiro grupo inclui os gêneros Psilocybe, Gymnopilus, Panaeolus, Conocybe, entre outros, mais conhecidos como “cogumelos mágicos”, e que se caracterizam por conter triptaminas ou alcaloides indólicos, como a psilocibina e psilocina. Dada a relação estrutural entre esses derivados da triptamina e o neurotransmissor serotonina, os cogumelos mágicos também são reconhecidos por exercerem sua ação ao interagir principalmente com os receptores 5-HT2A, causando alterações no estado de consciência e induzindo a neuroplasticidade e efeitos antidepressivos duradouros.

O segundo grupo é caracterizado pela presença de compostos isoxazóis do gênero Amanita, que produz o muscimol e o ácido ibotênico. Estas substâncias atuam como agonistas dos receptores GABA-A e induzem efeitos sedativos, sinestesia e estados mentais alterados.
Por outro lado, o terceiro grupo é formado pelos gêneros Claviceps e Cordyceps, os quais são fungos endoparasitas de insetos e plantas. Os quimiomarcadores deste grupo são um tipo de derivados da ergolina ou alcaloides do ergot. Devido à complexidade estrutural dos alcaloides do ergot, eles foram divididos em dois subgrupos, o tipo amida (como o ácido lisérgico) e o tipo ergopeptina. Suas características estruturais fornecem a capacidade de modular a serotonina, dopamina e os receptores adrenérgicos.
Por fim, o quarto grupo inclui os gêneros Russula, Boletus e Heimiella, reconhecidos como sagrados em diferentes tribos do mundo, mas ainda carecem de uma identificação química precisa de seus compostos psicoativos.
Referência
Plazas E, Faraone N. Indole Alkaloids from Psychoactive Mushrooms: Chemical and Pharmacological Potential as Psychotherapeutic Agents. Biomedicines. 2023 Feb 5;11(2):461. doi: 10.3390/biomedicines11020461.
Disponível na íntegra em:
https://www.mdpi.com/2227-9059/11/2/461